A indústria dos óleos essenciais iniciou as suas atividades no Brasil em 1927, quando começou a extrair o óleo essencial de pau-rosa (Aniba rosaeodora) para substituir a produção franco-guianense que vinha se perdendo em decorrência da intensa exploração da árvore.

Mas foi só no final da década de 30, com a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, que a indústria nacional passou a se desenvolver. Isto ocorreu porque a guerra afetou e desorganizou todo o comércio europeu, fazendo com que as empresas daquela região buscassem novos fornecedores.

O Brasil então apareceu como uma alternativa, afinal, além da mão de obra barata, nosso país chamava a atenção por sua enorme riqueza natural.

A partir daí, novas culturas começaram a ser exploradas e passamos a disponibilizar no mercado uma variedade um pouquinho maior de óleos essenciais, como sassafrás, menta, laranja e eucalipto.

A primeira destilação brasileira do óleo essencial de sassafrás ocorreu em 1938 a partir da árvore da Canela de sassafrás (Ocotea pretiosa ou Ocotea cymbarum).

Pertencente a família das Lauráceas, tal árvore era facilmente encontrada no estado de Santa Catarina e fornecia um óleo rico em safrol, um produto químico que integra a fabricação do piperonal (heliotropina) – utilizado como fixador de aromas e fragrâncias.

Em 1942, por exemplo, a produção foi de 40 toneladas, elevando-se para mais de 2000 toneladas em 1970.

Porém, em virtude da intensa exploração não sustentável do sassafrás, a árvore entrou para a lista de espécies ameaçadas de extinção e, por isso, teve seu corte proibido.

No Brasil a Mentha arvensis foi introduzida durante a Primeira Guerra Mundial.

No entanto, foi só em 1936 que esta espécie passou a ser cultivada com objetivos comerciais, a partir das sementes importadas do Japão.

Ao longo da década de 60, cerca de 90% da produção nacional desse óleo se concentrava no Paraná – que geralmente exportava o óleo bruto para a obtenção conjunta de mentol e óleo desmentolado.

Pouco tempo depois o Brasil já ocupava a posição de maior produtor mundial, produzindo cerca de 6000 toneladas de óleo bruto por ano e foi assim até o início da década de 70, quando esta atividade entrou em desaceleração.

Isto ocorreu em virtude da sobreoferta do mentol brasileiro no mercado mundial. Afinal, os preços deste produto vinham caindo ano após ano e isto não agradava o cenário internacional – que cortou o investimento do setor.

Somada à completa exaustão das terras para cultivo, a produção brasileira de Mentha arvensis deu lugar a paraguaia, forçando a emigração dos colonos paranaenses, adaptados a esta cultura, para o Paraguai.

O primeiro registro de extração do óleo essencial de laranja-doce (Citrus sinensis) ocorreu em 1930, em São Paulo, por imigrantes italianos.

Mas esta indústria só mostrou sua força durante a Segunda Guerra Mundial, quando passou a atender a demanda norte-americana por este tipo de óleo.

Isto porque os norte-americanos, com a guerra, foram obrigados a buscar alternativas para o crescente consumo de solventes que eram utilizados pelas indústrias plásticas, de tintas e de vernizes daquela época.

E como o óleo de laranja é rico em d-limoneno, um solvente biodegradável, eles passaram a obtê-lo como uma opção frente à escassez dos tradicionais.

Mais adiante, já na década de 60, nosso país passou a abrigar algumas fábricas de sucos concentrados – o que alavancou, definitivamente, as exportações brasileiras do óleo essencial de laranja.

Afinal, o óleo passou a ser obtido em conjunto com a produção de suco e como a indústria citrícola cresceu, a oferta de óleo aumentou e os grandes negócios se multiplicaram.

Originário da Austrália, o eucalipto foi introduzido no Brasil em 1855, com o plantio das variedades globulus e citriodora.

No começo do século XX, grandes plantações surgiram próximas à cidade paulista de Jundiaí, por uma companhia de estrada de ferro que tinha o seu objetivo básico no aproveitamento da lenha como combustível.

Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, houve a interrupção das importações de citronela (do tipo Java) para a preparação de fragrâncias.

Com isso a indústria brasileira passou a utilizar o óleo essencial de Eucalyptus citriodora como substituto. A produção iniciou-se na década de 40, com a obtenção de 12 toneladas, evoluindo para 350 toneladas no começo da década de 70.

Por fim, vale observar que ao contrário da atual situação dos óleos essenciais de menta e sassafrás, a indústria nacional produtora de óleo essencial de pau rosa mantém as suas atividades em função da preferência das empresas de fragrâncias norte-americanas e europeias por este tipo de óleo, ao invés das versões sintéticas do linalol.

No entanto, sua exploração só é permitida após a aprovação de um projeto de manejamento sustentável da espécie, incluindo as atividades de replantio das árvores em número igual ou superior às removidas.

Já as indústrias dos óleos essenciais de laranja e eucalipto não integram um programa de manejamento tão rigoroso, pois ambas as espécies se adaptam bem a diversas regiões do país e são cultivadas com certa facilidade.

Por esta razão, suas indústrias exibem saúde e colocam o Brasil numa posição de destaque frente ao mercado internacional.

Escrito por Wagner Azambuja

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